Filosofia e Teologia na Idade Média é tema da Segunda Conferência da X Semana Temática - Filosófica

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No segundo dia de reflexões da X Semana Temática - Filosófica, promovida pelo Seminário Diocesano, o tema exposto girou em torno da filosofia e teologia na Idade Média, desde profunda aproximação a uma separação considerável. Coube este intento ao professor da PUC-RS, Urbano Zilles, doutor em teologia pela Universidade da Alemanha. Inicialmente descreveu o nascimento dos termos, Filosofia e teologia, com a origem comum na Grécia Antiga, posteriormente cristianizados e a busca de uma relação mútua que pudesse responder às questões que emergiram na Idade Média.
Assim, tendo em mente que o conceito de teologia surgiu justamente entre os gregos pré-socráticos, como Heródoto e, por fim, Aristóteles, houve grande reserva na aceitação do termo teologia pelos primeiros cristãos, inclusive em Paulo. Apenas no século IV, Justino, Clemente e Orígenes, usam o termo teologia, ainda não perdendo a formulação grega, como visto até hoje, procurando ser a reflexão sobre o princípio último (arché) de todas as coisas, através do logos. Numa palavra, a teologia nasce no interior da fé.
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Ao adentrar no período medieval, o conferencista ressaltou o caráter científico da teologia, neste esforço de explicar racionalmente a fé, como o fez Tomás de Aquino. A filosofia é acolhida na teologia em seu escopo lógico. Surgem, neste contexto, as universidades, nas quais se estudavam os artigos da fé, pela qual a teologia ganha lugar como transmissora do saber. Mas, o teólogo aceita a filosofia apenas como ciência subordinada à teologia: “philosophia ancilla theologiae”. Em torno do saber teológico se agregaram diversas escolas de pensadores, dando o nome genérico a este tempo de Escolástica.
Na expressão do professor, essa teologia construída para satisfazer às exigência da fé em busca da inteligência, tornou-se uma teologia para intelectuais, distanciando-se da experiência de Deus no cotidiano. Entretanto, muitos viram a doutrina filosófica sobre Deus e a ética da época como aparentada com a doutrina cristã. Justino de Roma no Livro Diálogo com Trifão, afirma: “de fato, a filosofia é o maior e o mais precioso bem diante de Deus, para o qual somente ela nos conduz e nos associa. Na verdade, santos são aqueles que consagram à filosofia a própria inteligência”.
Estes embates, da aceitação ou negação da filosofia pela teologia sempre circularam ao longo da história medieval, muitos a defendem outros a renunciam, mas a caracterização que ainda se faz é de mútua relação. A teologia também enriqueceu a filosofia e a teologia não teria como se defender contra a crítica e as heresias, sem os meios da filosofia, pois não saberia dar razões de sua fé a quem solicitar (1 Pd 3, 15).
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Ao findar sua explanação professor Zilles, apresentou o estudo da teologia como expressão da experiência de Deus. Sua especificidade trata-se de refletir sistemática e cientificamente, para compreender e interpretar a experiência de fé de uma comunidade e expressar essa experiência em linguagem compreensível em seu contexto-histórico cultural concreto: eis o grande esforço de todo o pensamento medieval.
Por fim, o mediador da noite, Prof. Dr. Genésio Zeferino, fez as suas considerações, abrindo espaço para um rico debate.
A quarta feira, dia 3 de outubro, tem uma programação intensa, iniciando às 8hs com um Cine-fórum, e o filme: “O Sétimo Selo”, seguido da conferência: “Arte e Arquitetura na Idade Média” que será proferida pelo professor Msc. Cláudio Barros. E às 19hs, a Conferência: “Santo Agostinho e o cuidado estético com a vida”, com a Profa. Dra. Sílvia Contaldo.
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